Por um olhar crítico e sensível, o filme explora relação entre o crime e o Estado, através da fala de quem fica no meio do fogo cruzado no papel de quem guarda os portões dos presídios. Confira o trailer:
O documentário registra a rotina de agentes penitenciários em 8 presídios de São Paulo, as suas falas são carregadas de histórias e um sentimento constante de alerta, pois os carcereiros são responsáveis por guardar os portões e lidar diariamente com os produtos da omissão do Estado e crescimento da criminalidade, que a sociedade insiste em ignorar. A direção é feita por Claudia Calabi, Fernando Grostein Andrade e Pedro Bial. A maior inspiração para sua produção é o livro “Carcereiros”, do médico Drauzio Varella.
O documentário propões críticas pertinentes sobre como o país lida com sua população carcerária e as razões por quais ela cresce cada vez mais rápido do que se constroem escolas. Em coletiva, Drauzio Varella fala da ligação entre o seu livro e o documentário.
Seu livro “Carcereiros” ganhou muitos desdobramentos com o lançamento do filme, da série e, agora, o documentário. O que essa última produção tem a acrescentar ao projeto?
“Já tive livros adaptados para o cinema e para o teatro, mas esse documentário tem uma força especial, que é a força da realidade. Ele mostra às pessoas o ambiente, não no mundo da ficção, mas no dia a dia, no cotidiano, e exibe esses homens que têm uma vida muito especial, muito diferente desta que nós levamos.”
O documentário dá rosto e voz a muitos dos personagens que ganharam espaço no seu livro. Para você, qual a importância dessa visibilidade?
“A grande força do documentário é mostrar essas pessoas, mostrar o rosto delas, a voz, porque a sociedade joga essas pessoas nas cadeias para cuidar dos presos e manter esse sistema prisional absurdo que nós temos no Brasil e faz questão de não olhar para eles. Fazemos de conta que eles não existem. Na realidade, esse trabalho é fundamental para a segurança da própria sociedade. Tem uma passagem que eu nunca esqueci de um carcereiro que conta que, voltando pra casa depois de um dia horrível, com violência, foi recepcionado pela mulher com a seguinte fala “hoje eu fiz macarrão”. Essa convivência entre um mundo violento, um mundo onde a morte espreita em cada galeria, e a vida doméstica, a vida cotidiana que nós todos temos, é muito real. E acho que essa realidade só poderia ser mostrada pelo documentário. É a força da realidade.”